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O PARADIGMA DA CONSCIÊNCIA

O filósofo australiano David Chalmers cunhou a expressão “Hard problem” para se referir a uma questão fundamental e desafiadora na área da consciência: como e por que os processos cerebrais físicos se traduzem em experiências subjetivas conscientes? O estudo da consciência tem implicações profundas para a Filosofia, a Psicologia e a Neurociência.

Dualistas e materialistas divergem sobre o estudo da consciência. Os primeiros sustentam que a mente e o corpo são entidades separadas e distintas: enquanto o corpo é físico e material, a mente é imaterial e espiritual. Já os materialistas defendem que a mente emerge diretamente das atividades cerebrais e é totalmente explicável pela física e pela biologia. 

A Psicologia e as Ciências Médicas são embasadas por paradigmas que evoluem. Quando há um número de patologias que não podem ser resolvidos por meio de um paradigma, é necessário que surja uma nova referência. 
 
Por muito tempo, acreditou-se que a Terra era o centro do nosso sistema solar, até que Galileu Galilei demonstrou que era o Sol o seu centro, e não a Terra, como pensava o astrônomo grego Ptolomeu. O Geocentrismo vigorou por 14 séculos, mas chegou um momento em que as contradições surgiram e um novo paradigma precisou ser criado. Dessa forma, observa-se que todo paradigma tem seu tempo de duração.

A humanidade foi defrontada por outros grandes problemas, como o da longitude nas viagens marítimas, que durou cerca de 3 séculos (XVI, XVII e XVIII), sendo solucionado apenas em 1731. Atualmente, vivemos desafios que carecem de solução como: o lixo atômico, a cura do câncer e o fenômeno da consciência.

A perspectiva dualista traz uma direção para que se aprofunde as investigações que permitirão conceber a solução de patologias médicas, síndromes e transtornos psicológicos que, até então, são consideradas incuráveis.

BASES FILOSÓFICAS E CIENTÍFICAS

Muito do conhecimento construído pela humanidade e da evolução cientíica que conquistamos estão embasados na FILOSOFIA REALISTA, pois ela é a estrutura base, o ponto de partida de toda nossa ciência.

Essa filosofia postula que existe uma realidade independente da mente humana. Os realistas acreditam que o mundo externo existe objetivamente, independentemente de ser percebido ou compreendido pelos seres humanos.

Por outro lado, a FILOSOFIA IDEALISTA propõe que que tanto a matéria quanto os fenômenos mentais emergem das ideias. Os idealistas argumentam que a mente, ou a consciência, desempenha um papel central na determinação da realidade. Nesse sentido, o mundo exterior é de alguma forma criado ou moldado pela mente humana ou por uma realidade mental mais ampla.

Dentro de uma ciência com metodologias majoritariamente realistas, dificilmente é possível provar algo dentro da visão de uma Ciência Idealista. Mas isso ficou um pouco mais simples com o surgimento da FÍSICA QUÂNTICA, que nos demonstrou que a materialidade da realidade não existe de fato. As PARTÍCULAS SUBATÔMICAS têm NATUREZAS PROBABILÍSTICAS e podem existir em diferentes estados simultaneamente até serem colapsadas.

A Física Quântica nos diz que a presença do observador influencia o resultado dos experimentos e isso se encaixa perfeitamente com a Filosofia Idealista.

Em outras palavras, a consciência constrói a nossa realidade. No conceito de colapso de onda ou da realidade, entendemos que há diversas probabilidades de realidade acontecer e, dependendo da consciência do observador, uma realidade se colapsa formando a realidade que a pessoa vive.

NA PRÁTICA, COMO FUNCIONA

O que eu quero dizer é que dentro dessa perspectiva, existe a real possibilidade de transformação na vida de uma pessoa, pois se a mente dela criou uma realidade, ela também pode criar uma realidade diferente.

O que acalenta mais: saber que as escolhas da sua vida estão nas suas mãos OU saber que as escolhas da sua vida dependem de fatores externos a você?

É BEM MAIS FÁCIL dizer que o melhor é ter as escolhas na mão, MENOS quando acontece algo:

– de ruim;
– que você fez de “errado”;
– que quebra a expectativa de alguém.

Nesses casos, parece bem melhor encontrar uma JUSTIFICATIVA EXTERNA para o que aconteceu. É bem mais fácil se responsabilizar pelas escolhas de SUCESSO do que pelas escolhas de FRACASSO.

Independentemente do tamanho do sucesso ou fracasso, dói olhar para um fracasso e dizer: fui eu que escolhi isso! Nessas horas parece melhor focar nos fatores externos que atrapalharam. Mas é aí que está o equívoco.

Infelizmente, muita gente responsabiliza o outro, ou mesmo Deus na hora do fracasso. Na hora do sucesso, os louros são da própria pessoa, mas na hora do fracasso, de um acidente, ou de uma derrota, a responsabilidade é de Deus? Na perspectiva IDEALISTA, Deus não tem nada a ver com o seu fracasso.

Mas nesse caso, pode ser que a escolha tenha sido feita de forma inconsciente? Exatamente isso! 

Não é porque foi uma escolha feita sem perceber, de forma automática e insconsciente, que ela não é responsabilidade SUA!

Na vida, tomamos um monte de decisões a partir de hábitos emocionais sem percebermos. E esses hábitos enraizados mantêm nossas vidas no automático. E quando a vida segue no automático é sinal que caminhamos para o fracasso.

Precisamos conchecer quais são esses hábitos (que chamo de vícios emocionais) e entender do que eles nos protegem. Só assim, poderemos neutralizá-los. 

Os principais hábitos ou vícios existenciais são:
– hábito ou vício de ser forte;
– hábito ou vício de agradar todo mundo;
– hábito ou vício de aliviar a culpa sofrendo;
– hábito ou vício de controlar tudo;
– hábito ou vício de querer ser perfeito;
– hábito ou vício de evitar responsabilidade;
– hábito ou vício de exceder responsabilidade;
– hábito ou vício de buscar cuidado por meio dos problemas.

Um exemplo: homens e mulheres que são viciados em serem fortes se exigem ESFORÇO EXCESSIVO. Logo, a realidade que eles irão criar (ou colapsar) é uma vida cada vez mais dura e difícil, ao invés de ser uma vida cada vez mais leve.

– Acreditar que se é incapaz é uma das formas de alimentar vícios emocionais ligados a não assumir responsabilidades. Afinal, aquele que acredita em si e tenta, assume o risco de dar errado e deve se responsabilizar por sua ação.  Por outro lado, se eu acredito que não sou capaz, eu nem tento e também não tenho pelo que responder.

Cabe aqui uma reflexão: será que, quando desejamos e escolhemos algo, estamos dispostos a nos responsabilizar pelos resultados das nossas ações?

Precisamos desenvolver a postura da autorresponsabilidade para podermos tomar as rédeas da nossa vida. Só assim poderemos construirmos a vida dos nossos sonhos que tanto desejamos.

De um modo geral, as pessoas preferem manter os vícios (postura de defesa para não sofrer) a dar certo na vida! Quem escolhe poder dar certo, também está escolhendo correr o risco de dar errado e de se responsabilizar por isso. 

Em outras palavras, dar certo na vida faz a pessoa não ter justificativas para manter seus vícios emocionais.

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Psicólogo Clínico | Rodrigo Mesquita | CRP 05/44680

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